A Semântica do Capital
- Giovanni Alves
- 14 de mai.
- 12 min de leitura

Breves notas sobre o significado de Veräußerung, Entäußerung e Entfremdung em Marx
Como caracterizar a acumulação primitiva ou a expropriação originária e despossessão que deu origem ao capital? Qual o termo mais adequado para caracterizar tal ato histórico que está na origem do capital ?
Esta é a questão que nos propomos a refletir a título introdutório. É esta reflexão que nos expõe a forma semântica do metabolismo social do capital. Por isso intitulamos o artigo de semanântica do capital pois semântica é o ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e sinais, analisando como eles se relacionam com o que representam, ou seja, sua denotação e sentido
O capital tem em sua origem histórica o ato de despossessão. A despossessão é o ato ou efeito de ser desapossado, ou seja, a privação da posse de algo que se tinha, como terras, direitos ou bens. Trata-se do esbulho da posse, a retirada ou perda da posse legítima de um bem ou direito. Além do sentido jurídico e material, o conceito de despossessão também é explorado em filosofia e teoria social, como na obra de Judith Butler (Vida Precária), que aborda a despossessão como um processo pelo qual o poder subtrai direitos, dignidade e modos de pertencimento, implicando uma condição de vulnerabilidade e exclusão social.
Mas a despossessão não está apenas na origem histórica do capital, mas pertence à forma de desenvolvimento da acumulação sistêmica do capital, principalmente na era do Estado neoliberal. O Estado neoliberal, por exemplo, caracterizar-se não apenas pela acumulação de capital por meio da superexploração, mas a acumulação de capital por meio da espoliação ou despossessão (privatizações ou Parcerias-Público Privadas tão em voga na política econômica do Ministro Fernando Haddad). Todas representam formas de despossessão que está na origem do capitalismo e que hoje, se reproduz no próprio desenvolvimento sistêmico. A despossessão priva o público de bens – que passam a gerir administrados por entes privados – ou priva o público de direitos como as contra-reformas trabalhistas e previdenciároias. A despossessão é a alma do Estado neoliberal.
Mas a nossa questão é: como caracterizar no sentido vocabular em alemão, a acumulação primitiva que – lá no século XVIII na Inglaterra – se caracterizou pela expropriação das terras dos camponeses que se tornaram proletários, pessoas despossuídas, palavra que vem do verbo “despossuir”, que significa tirar a posse de algo, privar alguém da posse de algo. O particípio passado é "despossuído/a", usado para indicar que alguém foi privado da posse de algo, geralmente bens materiais, terras, propriedades etc.
Num primeiro momento podemos aplicar ao ato de expropriação ou despossesamento que caracteriza a acumulação originária ou acumulação primitiva, a palavra alemã Veräußerung que tem o sentido de alienação como cessão de propriedade / mercantilização.
Por exemplo, no O Capital, Livro 1, encontramos um trecho relevante no Capítulo 26 — A chamada acumulação primitiva, onde Marx nos diz:
“A expropriação dos produtores rurais, dos camponeses, é o ponto de partida da história do capital.” E ainda: “A propriedade da terra comunal (...) foi violentamente usurpada e transformada em propriedade privada.”
No original é : “Die Veräußerung des Gemeinguts wurde zur Voraussetzung der kapitalistischen Produktion.”
Aqui Marx fala diretamente em Veräußerung des Gemeinguts — ou seja, a alienação do bem comum — como condição da produção capitalista. Trata-se da conversão forçada, mas juridicamente sancionada, da terra comum em propriedade privada — um deslocamento da esfera do uso para a do valor de troca. Isso captura exatamente o caráter da expropriação originária.
Em "O Capital", Marx emprega veräußern para descrever o ato de vender mercadorias no processo de troca. Por exemplo:
“Cada proprietário de mercadoria deseja apenas alienar [veräußern] sua mercadoria por outra cujo valor de uso satisfaça sua necessidade.”
Aqui, veräußern é utilizado no sentido econômico de vender ou trocar mercadorias.
Entretanto, pode-se considerar do mesmo modo o termo Entäußerung no sentido de exteriorização ou renúncia forçada ou ainda, ato de tornar-se externo (o objeto), despossuir-se de algo que era próprio.
Entäußerung foca na perda ou exteriorização do objeto.
Na filosofia hegeliana, Entäußerung é um conceito central na “Fenomenologia do Espírito” e na “Lógica”. Designa o processo de exteriorização do espírito: o espírito (Geist) se aliena (se exterioriza) na natureza, na cultura, no mundo objetivo. Aqui, a alienação não é somente negativa — é um momento necessário do desenvolvimento dialético, que será superado na Aufhebung (supressão/superação).
No jovem Marx, ele adota o termo Entäußerung (e também Entfremdung) nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844. Em Marx, Entäußerung refere-se à autoalienação do trabalhador, à perda de si mesmo no ato do trabalho, ao tornar-se (o sujeito) um estranho diante de sua própria produção (o objeto). Posteriormente, ele usa mais o termo Entfremdung (estranhamento) para designar esse fenômeno de maneira mais rica e crítica.
Na Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1843), Marx utilizou o termo Entäußerung no sentido de ser exterior e estranho a si próprio. Marx nos diz:
“A religião é a autoconsciência e o auto-sentimento do homem que ou ainda não se encontrou ou já voltou a se perder. Mas o homem não é um ser abstrato, fora do mundo. O homem é o mundo do homem — Estado, sociedade. Esse Estado, essa sociedade, produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido.”
No original: “A Entäußerung religiosa é apenas o reflexo da Entäußerung real do homem.”
Marx utiliza Entäußerung no sentido de renúncia de si mesmo, projeção alienada, retomando Hegel, mas convertendo o conceito em crítica materialista: o homem se exterioriza, ou melhor, é forçado a se exteriorizar, porque já está alienado nas relações sociais.
Embora aqui ele fale da religião, o conceito se aplica analogamente (como no caso da acumulação primitiva) à perda forçada da terra pelo camponês, como uma renúncia objetiva a sua forma de vida, imposta pelo processo histórico da acumulação.
Assim, na acumulação primitiva, podemos utilizar para caracterizá-la não apenas o termo Veräußerung, mas também Entäußerung, na medida em que este último designa a exteriorização forçada – nesse caso - , isto é, a autoalienação do trabalhador em relação ao objeto que é produto de si mesmo. Trata-se da exteriorização como perda de si no ato do trabalho, na medida em que o sujeito se torna um estranho diante da própria produção (o objeto).
Atenção: o objeto alienado, resultante da exteriorização, ainda não é a coisa (Ding); isso significa que o estranhamento de Entäußerung não equivale ao estranhamento de Entfremdung, pois o objeto exteriorizado e alienado – como ocorre na acumulação primitiva – ainda não é propriamente capital, embora possa vir a sê-lo.
Desse modo, Entäußerung opera, no caso da expropriação originária (Veräußerung), como um elo para a Entfremdung – e isso não apenas no ato originário da constituição da proletariedade, mas também ao longo do próprio processo de desenvolvimento da acumulação do capital. Isso explica a utilização próxima dos dois vocábulos nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844.
Entfremdung é um modo de exteriorização alienada – no sentido negativo. Para existir Entfremdung, é necessário Entäußerung.
Por fim, temos outro termo importante: Entfremdung no sentido de alienação / estranhamento existencial. Marx diz nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844:
“O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz. (...)O objeto que o trabalho produz, seu produto, levanta-se frente a ele como um ser estranho, como um poder independente do produtor.”
Ou ainda:
“A alienação do trabalhador no seu produto significa não só que seu trabalho se torna objeto, realidade exterior, mas que se torna algo estranho a ele, que se torna um poder autônomo frente a ele.”
No original: [“Diese Vergegenständlichung erscheint als Entfremdung, als Entäußerung.”]
Aqui Marx explicita a ligação entre os conceitos: o processo de objetivação do trabalho (Vergegenständlichung) aparece como Entfremdung (estranhamento) e como Entäußerung (alienação).
Como Entäußerung (alienação) porque o objeto que ele produziu - objetivação do trabalho (Vergegenständlichung) - se tornou um objeto [Sache] com uma existência externa, um ser exterior e estranho a si próprio. Mas eu interpretaria o estranho como sendo aquilo que é externalizado, à perda real, social e concreta do trabalhador em relação ao produto de seu trabalho – ele o produz, mas este lhe é tirado (o ato da expropriação). Nesse caso, como vimos, Entäußerung torna-se - nas condições históricas objetivamente dadas, Entfremdung.
O trabalhador perde o controle sobre o produto de seu trabalho, sobre sua atividade, sobre sua própria vida. Este conceito é crucial para compreender o resultado da expropriação originária: com a perda da terra e dos meios de produção (via Veräußerung), o trabalhador é lançado ao mercado como força de trabalho nua — e então se torna um ser alienado, estranho a si mesmo e ao mundo que constrói. Quando aquilo que lhe é tirado, se volta contra ele como uma força estranha, como uma coisa, nós temos o estranhamento [Entfremdung].
Assim, na acumulação primitiva, podemos utilizar para caracterizá-la não apenas o termo Veräußerung, mas também Entäußerung, na medida em que este último designa a exteriorização forçada, isto é, a autoalienação do trabalhador em relação ao objeto que é produto de si mesmo. Trata-se da exteriorização como perda de si no ato do trabalho, na medida em que o sujeito se torna um estranho diante da própria produção (o objeto).
Atenção: o objeto alienado, resultante da exteriorização, ainda não é a coisa (Ding); isso significa que o estranhamento de Entäußerung não equivale ao estranhamento de Entfremdung, pois o objeto exteriorizado e alienado – como ocorre na acumulação primitiva – ainda não é propriamente capital, embora possa vir a sê-lo.
Desse modo, Entäußerung opera, no caso da expropriação originária (Veräußerung), como um elo para a Entfremdung – e isso não apenas no ato originário da constituição da proletariedade, mas também ao longo do próprio processo de desenvolvimento da acumulação do capital. Isso explica a utilização próxima dos dois vocábulos nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844. Entfremdung é um modo de exteriorização alienada – no sentido negativo. [1]
Assim, na acumulação primitiva, podemos utilizar para caracterizá-la não apenas o termo Veräußerung, mas também Entäußerung, na medida em que este último designa a exteriorização forçada, isto é, a autoalienação do trabalhador em relação ao objeto que é produto de si mesmo. Trata-se da exteriorização como perda de si no ato do trabalho, na medida em que o sujeito se torna um estranho diante da própria produção (o objeto). [1]
Portanto, no caso da acumulação primitiva, a expropriação originária é melhor definida por Veräußerung — a alienação jurídico-econômica dos bens comuns. No plano subjetivo-filosófico, essa alienação imposta – no sentido que se trata de um objeto externalizado alienado do produtor, pode ser lida como Entäußerung, renúncia à autonomia material. E os efeitos históricos e sociais disso, no capitalismo, configuram a Entfremdung, a alienação do trabalho e da humanidade.
Então, é necessário esclarecer que Entäußerung significa exteriorização, enquanto Vergegenständlichung refere-se à objetivação do trabalho. Ambos compõem a dialética do trabalho – e os seres humanos tornaram-se humanos justamente por meio do trabalho, isto é, pela dialética entre Vergegenständlichung e Entäußerung.
Pode-se dizer que Entfremdung representa o risco histórico, social e existencial inerente à Entäußerung, na medida em que o objeto exteriorizado pode se perder ou ser apropriado por outrem. Tem-se o risco da reificação e coisificação e ainda do fetichismo e personificação das coisas – como ocorre no modo de produção capitalista especificamente capitalista.
Todo trabalho se objetiva. Ele se exterioriza quando o trabalhador perde o controle sobre seu produto, que passa a pertencer a outro, o que pode significar — em termos objetivos — a despossessão ou o despojamento (característicos da acumulação originária). A rigor, não se tem a coisificação [Verdinglichung], mas a reificação [Versachelichung]. Por exemplo, tanto no escravismo como no servilismo, o comum é a Versachelichung por conta da Veräußerung e da Entäußerung
No entanto, o Entfremdung só se manifesta quando o trabalhador se sente estranho a si mesmo e ao mundo, isto é, quando aquilo que lhe foi alienado — Veräußerung, ou a alienação jurídico-econômica dos bens comuns — se apresenta diante dele como algo alheio (uma coisa. das Ding) que lhe defronta, explorando-o como faz o capital (os meios de produção, ou ainda, as máquinas - por exemplo, são coisas [die Dinge] que, sendo produtos do trabalho [Vergegenständlichung e Entäußerung, objetivação e exteriorização] se apresenta diante dele como algo alheio que os defronta e ameaça [Entfremdung].
Portanto, o termo Entfremdung carrega um sentido negativo, ao passo que os termos Vergegenständlichung, Entäußerung e Veräußerung, em sentido estrito, não possuem necessariamente essa conotação negativa.
A exteriorização [Entäußerung] em sentido rigoroso, é o resultado de todo processo de trabalho, uma vez que aquilo que é produzido (o objeto) não é idêntico àquele que o produziu (o sujeito); e o que é produzido pode se perder — ou se alienar — em relação ao sujeito que o criou. No caso da acumulação primitiva, a Entäußerung aparece como Veräußerung, isto é, como a alienação jurídico-econômica dos bens comuns, inclusive por meio da violência: trata-se da conversão forçada — embora juridicamente sancionada — da terra comum em propriedade privada, o que representa um deslocamento da esfera do uso para a do valor de troca.
Quando a terra, a mercadoria (inclusive a força de trabalho) e o dinheiro se tornam capital, o trabalhador proletário, despojado do objeto (Sache), fonte do mais-valor, se depara com a coisa (Ding) — o capital — que o enfrenta, o mercantiliza, o explora e o espolia. Trata-se do estranhamento (Entfremdung) que, por ocorrer em uma sociedade mercantil, é fetichizado, ocultando sua própria origem de coisificação. Nesse contexto, não estamos mais no âmbito da acumulação primitiva, mas da acumulação de capital — ou seja, do desenvolvimento do capitalismo especificamente enquanto capitalismo. Entram em cena outros conceitos: coisificação, fetichismo, personificação da coisa e subsunção do trabalho ao capital.
Em síntese:
VergegenständlichungLiteralmente “objetivação” ou “tornar-se objeto”. Em Marx, refere-se ao processo pelo qual o trabalho humano se materializa em um objeto. Não tem, em si, conotação negativa: é parte do ato criativo e produtivo humano. Torna-se problemática apenas quando o produto se volta contra o produtor.
·
Entäußerung“Exteriorização” ou “auto-exteriorização”. Termo herdado de Hegel e reelaborado por Marx, refere-se à saída de si do sujeito, projetando-se no mundo exterior por meio do trabalho (exteriorização). Assim como a objetivação, pode ser uma expressão da atividade humana vital. A rigor, desde sempre sempre, corre o risco de perder-se no mundo exterior (o que demonstra o vínculo ontológico com Entfremdung). Porém, em certas condições históricas (como no capitalismo), torna-se alienação – isto é, Entfremdung.
VeräußerungTraduzido comumente como “alienação” no sentido jurídico: cessão ou venda de propriedade. Refere-se à perda de bens ou direitos de forma sancionada pelas normas legais, frequentemente usada por Marx para indicar a desapropriação de bens comuns ou individuais sob o capitalismo.
·
EntfremdungAlienação no sentido existencial e social. Refere-se à experiência de estranhamento do trabalhador em relação ao seu trabalho, ao produto do trabalho, ao outro e a si mesmo. Possui conotação negativa explícita e está no cerne da crítica marxiana à sociedade capitalista. Mas é importante dizer que existia Entfremdung nas formações sociais pré-capitalistas e pode continuar existindo nas formações sociais pós-capiatlistas, o que demonstra sua articulação ontológica com o Entäußerung.
O processo de trabalho, na perspectiva marxiana, implica necessariamente objetivação (Vergegenständlichung) e exteriorização (Entäußerung): o sujeito se relaciona com o mundo transformando a natureza em objeto. No entanto, sob condições históricas específicas, como o regime capitalista, essa objetivação se perverte em alienação (Entfremdung). O trabalhador deixa de reconhecer a si mesmo naquilo que produz; o produto de seu trabalho se volta contra ele como uma força estranha, autônoma e hostil. O desenvolvimento tecnológico é estranhamento [Entfremdung] para o trabalho na medida em que se volta contra ele – na medida em que ele (o trabalho vivo) está subsumido formal e realmente ao capital.
Essa alienação [Entäußerung/Entfremdung] se torna mais evidente quando observamos sua origem histórica: a chamada acumulação primitiva. Neste processo, o que era comum — terra, florestas, fontes, saberes coletivos — é juridicamente transformado em propriedade privada. Trata-se da Veräußerung, a alienação jurídico-econômica dos bens comuns, sancionada pelo Estado nascente e acompanhada de violência institucional. A terra deixa de ser um meio de vida para se converter em mercadoria. O uso cede lugar ao valor de troca. Essa cisão marca o nascimento do capitalismo enquanto modo de produção fundado na separação entre os produtores e os meios de produção. Valor de troca, valor, capital tornam-se coisas que conduzem os trabalhadores, ameaçando-os [Entfremdung]. Dessa forma, o estranhamento (Entfremdung) não é apenas um fenômeno subjetivo, mas enraizado em relações sociais e jurídicas que fundam e sustentam o capitalismo. O capital, enquanto coisa (Ding) fetichizada, se autonomiza frente ao trabalhador, que, despossuído, enfrenta sua própria criação como poder estranho e dominante. A crítica marxiana da alienação, portanto, não é meramente psicológica ou moral, mas radicalmente histórica e ontológica: denuncia um mundo em que o ser social humano é mediado por relações reificadas e invertidas.
1 Nota explicativa dos termos:
- Veräußerung: Literalmente, “alienação” no sentido jurídico ou econômico (cessão, transferência ou venda de um bem). Marx utiliza esse termo para indicar o processo de despossessão objetiva, como na expropriação dos bens comuns durante a acumulação primitiva.
- Entäußerung: Refere-se à “exteriorização” ou “autoalienação”, ou seja, o ato pelo qual o sujeito externaliza parte de si mesmo no objeto produzido. Embora não traga necessariamente uma conotação negativa, em Marx esse termo ganha sentido negativo quando essa exteriorização se dá sob coação, como no trabalho alienado.
- Entfremdung: Traduzido comumente como “estranhamento” ou “alienação” no sentido filosófico mais profundo, implica que o ser humano está separado de sua essência e se vê como estranho diante do mundo que ele próprio criou. Em Marx, é o momento em que a alienação atinge a consciência e o trabalhador se sente alienado de si e do mundo.
- Ding (coisa): Remete ao conceito de “coisificação” ou “reificação” (Verdinglichung), tema central na crítica marxista da mercadoria. A “coisa” não é apenas um objeto, mas uma forma objetivada da relação social, cuja origem social se oculta na forma-mercadoria.
- Acumulação primitiva: Fase histórica em que o capital expropria os produtores diretos dos meios de produção, transformando-os em trabalhadores assalariados. É marcada por atos de violência e desapossamento, e constitui o ponto de partida histórico da relação capital/trabalho.
- Proletariedade: Termo que designa a condição de ser proletário, ou seja, de viver da venda da força de trabalho. É uma forma social específica resultante do processo de separação entre o trabalhador e os meios de produção.