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2023 e a guerra na Ucrânia


A guerra na Ucrânia deve se intensificar em 2023. Não se trata de uma guerra qualquer, tal como foi por exemplo, a guerra do Afeganistão ou a guerra do Iraque. Não porque seja uma guerra às portas da União Européia, mas porque é a guerra que demarca a Terceira Guerra Mundial no século XXI. Como pano de fundo estratégico: a "guerra fria" contra a China.


A questão é saber qual é a estratégia dos EUA-OTAN na Ucrânia?


Em primeiro lugar, não interessa ao EUA-OTAN fazer um acordo de paz com a Rússia. Zelenski é um fantoche dos interesses do Pentágono. Desde o fracasso na Guerra do Vietnã, os EUA evitam envolver-se diretamente em conflitos militares. Talvez a exceção tenha sido Afeganistão e Iraque - intervenções militares que custaram bilhões de dólares. É preferível que outros façam por eles, o combate militar direto ("proxy war"). Manter a "máquina de guerra" do Império estadunidense tem sido custoso. A economia dos EUA não é mais a mesma, embora ainda seja a maior economia do planeta.


Nossa hipótese é que a guerra na Ucrânia tem como único objetivo desgastar ao máximo, a Federação Russa - e por tabela, abrir mercados na União Européia para o complexo industrial-militar dos EUA - incluindo a indústria petrolífera. Talvez derrotar a Rússia do mesmo modo que derrotaram a URSS.


O "fantasma da Rússia" é um negócio lucrativo para os EUA - aliás desde a URSS. O "espectro do comunismo" foi uma indústria lucrativa. Devemos nos lembrar também da guerra no Afeganistão (1979-1989). Talvez eles tentam repetir na Ucrânia, o que fizeram no Afeganistão contra a URSS, financiando os mujahidin, o grupo rebelde que lutava contra o governo de Cabul apoiado pelos soviéticos. A guerra do Afeganistão desgastou a debilitada economia da URSS que - pouco mais de dez anos depois - viria a extinguir-se.

Os EUA estão escalando ajuda militar à Ucrânia "doando" bilhões de dólares para sustentar o fantoche ucraniano (Zelensky). Em 2008, com o governo Obama, o "Império do Caos" imprimiu trilhões de dólares para salvar Wall Street; e pouco mais de dez anos depois (2022), imprimem bilhões de dólares para financiar a guerra contra a Federação Russa. Nunca o poder do dólar foi tão requisitado pela máquina imperial - e nunca o poder do dólar foi tão ameaçado. Na verdade, a verdadeira luta nos bastidores da disputa pela Nova Ordem Global é a luta pela supremacia monetária global. Caso os EUA percam isso, não haverá como sustentar o Império, tendo em vista que é indiscutivel o papel do dólar na construção da supremacia americana na hegemonia internacional.


Existem outras frentes de batalha na Terceira Guerra Mundial no século XXI. Os EUA tentam a todo custo impedir que a China desenvolva a estratégica indústria de semicondutores.


A "macrofagia" do imperialismo dos EUA é impressionante. Ao reorganizarem o seu poder global a partir da crise estrutural do capital, destroem seus aliados internos. Estão fazendo com a União Européia, o que fizeram na década de 1980 com o Japão.


As várias frentes da Terceira Guerra Mundial tem um único objetivo: "reinicializar" - The Great Reset - do poder imperial dos EUA tal como fizeram no passado não muito distante (o fim da URSS em 1991 e a hegemonia global do neoliberalismo foram "conquistas" do movimento de restauração do imperialismo dos EUA depois da década de 1970). A questão é: conseguirão mais uma vez?


Entretanto, o preço da estratégia do imperialismo no século XXI é bastante elevado pois coloca a humanidade em situações extremas de riscos. Por exemplo, na equação da contingência complexa, a hecatombe nuclear, embora improvável, não é impossível (devemos sempre nos lembrar como começou a trágica Primeira Guerra Mundial em 1914. Indico a leitura do livro "Os Sonâmbulos", de Christopher Clark).

O "Império do Caos" é o "Império do Risco Extremo" para o futuro da humanidade pois seus estrategistas de guerra almejam destruir um Estado detentor de poder nuclear. Mesmo fazendo isso indiretamente, expõem a humanidade a um alto risco. Ao mesmo tempo, a política imperialista utiliza seu poder de manipulação para promover a "negação" dos riscos da COVID-19, uma verdadeira “arma biológica” que visa operar a destruição dos "mais fracos". Deixa-lo circular livremente em nome da "imunidade de rebanho" é arriscar o surgimento de mutações viróticas com maior capacidade letal para a saúde humana. Minimizar os riscos da pandemia é tão irresponsável quanto "apostar" na "destruição" da Rússia e da China por meios militares - diretos ou indiretos.


Embora estejam em decadência social, política e econômica, os EUA ainda não perderam a Terceira Guerra Mundial. Este é um embate geopolítico difícil para eles - o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas eles ainda são o maior poder militar-financeiro do mundo. Eles têm no curriculum vitae histórico duas grandes vitórias: a hegemonia global do neoliberalismo, triunfante há décadas na União Européia e Américas do Sul - apesar da crise de 2008; e o fim da URSS em 1991. Assim, eles podem por forças da contingencia histórica, derrotar a Rússia e a China no século XXI e o século XXII ser o século do "capitalismo pós-humano"...


A guerra na Ucrânia é o teatro principal de um tabuleiro geopolítico complexo que deve escalar em 2023 - e infelizmente - nos próximos anos. Dizemos o mesmo para a pandemia da COVID-19.

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