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2023: Pandemia, guerra e recessão



No plano global, 2023 vai ser um ano bastante difícil.

Em primeiro lugar, a "política de conviver (e negar) a COVID-19" globalmente, contribui para o surgimento de novas linhagens do vírus. A linhagem da Ômicron alcançou um patamar superior com a recombinação de subvariantes. Por exemplo, a XBB 1.5 tem um maior poder de evasão das vacinas e capacidade de contaminação. É outro vírus e outra pandemia. Devem aumentar os adoecimentos com as infecções e reinfecções debilitando o sistema imunológico principalmente dos mais fracos - velhos e fragilizados por comorbidade. Mas a "precarização imunológica" deve afetar crianças e jovens. A renúncia aos protocolos sanitários (como o uso de mascaras) devem contribuir para o aumento global dos casos de Covid-19 e por conseguinte de Covid Longa e mortes que aparentemente não tem nada a ver com o vírus. Os riscos epidemiológicos são flagrantes. É ilusão a dita "imunidade de rebanho".


O "apagão midiático" deve prosseguir em 2023, ocultando noticias que possam nos lembrar que a pandemia não acabou. O negacionismo é oficial. Covid-19 é uma palavra maldita. Enquanto isso, a crise sanitária global deve prosseguir pressionando os sistemas públicos de saúde sob a indiferença de governos - de esquerda ou direita - e organizações de saúde pública.


Vivemos um tempo histórico glorioso. Tudo está tão claro e ao mesmo tempo, tão escuro. É flagrantemente terrível a dificuldade do capitalismo em enfrentar a pandemia da COVID-19 que se arrasta há anos - desde 2020. Os Estados capitalistas tem muita dificuldade em enfrentar uma pandemia porque ela ameaça mortalmente a circulação do capital. Isto explica a força da manipulação como nunca antes vista na história humana.


É importante lembrar que a pandemia da covid-19 se desenvolve numa conjuntura histórica da crise estrutural do capital numa dimensão inédita:


(1) Em 2023 a perspectiva é de aprofundamento da crise da economia mundial com uma nova recessão global, sacrificando o desenvolvimento, emprego e renda da classe trabalhadora das sociedades capitalistas. Queda de salários reais (com a inflação) e aumento da desigualdade social em contraste com a concentração de renda e a escalada da lucratividade para "os mais ricos". Desde o crash financeiro de 2008 o capitalismo global não conseguiu efetivamente se recuperar. Não que as taxas de lucro não tenham se recuperado relativamente - pelo menos desde 2008; e no caso do Brasil, a partir de 2016. Mas o aumento da lucratividade tem ocorrido às custas do aprofundamento da precariedade e da desigualdade social; e do "afundamento" da democracia liberal com a ascensão da extrema-direita. A crise do capitalismo é assim, sistêmica - mas a exacerbada manipulação midiática - nunca antes vista - oculta o "mundo real" do capitalismo decadente e diversiona o público com factóides irrelevantes.


(2) A guerra na Ucrânia deve prosseguir, expondo a situação de crise geopolítica global que ameaça a estratégia de poder unipolar dos EUA. Trataremos disto noutro post.


(3) E como "pano de fundo" da pandemia, guerra e recessão global, vivemos no tempo histórico da mudança climática por conta do aquecimento global que afeta as populações mais pobres do planeta, expostas às enchentes, ondas de calor e frio extremo . A produção agrícola deve ser afetada pressionado mais ainda a inflação global - ao lado do aumento do custo da energia e do petróleo por conta da tensão geopolítica no Oriente Médio e na Eurásia.


Enfim, vale mais uma vez salientar, é este cenário de crise histórica sistêmica que explica a necessidade da manipulação ostensiva para ocultar a tragédia da COVID-19 e a incapacidade do Estado capitalista em enfrentar a crise sanitária permanente. Do mesmo modo, manipula-se também para ocultar a guerra e o fracasso do Ocidente neoliberal face à ascensão geopolítica e geoeconômica dos capitalismos de Estado - na Eurásia, Índia e Médio Oriente - e do socialismo chinês.



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